terça-feira, 21 de junho de 2011

Sobre sentimentos e comportamentos

É... eu sou um ser pensante, e hoje, depois de ter passado por períodos de "sobrecarga" de tarefas e afazeres que me ocupavam 10... 12... 16... 20 horas por dia, muitas vezes 7 dias por semana... (isso te lembra alguém?) hoje sei o quanto me faz falta um tempinho pra poder simplesmente pensar... as vezes divagar... mas principalmente pra entender (ou tentar entender) aquilo que se passa.

Se ater aos deveres, tarefas, trabalhos... ainda mais quando não se está gozando dos possíveis benefícios que provém deles... remete a uma sensação de determinismo, automatismo... e isso é uma sensação realmente ruim... limitadora... uma droga!

Cadê a minha liberdade de fazer o que eu quero, como eu quero... de poder simplesmente não fazer nada? É... essa “liberdade” de fazer o que eu quiser, como eu quiser, ou até mesmo de não fazer... creio ser um tanto utópica, pois como seres sociais, pertencentes e participantes de um ambiente, nossos comportamentos também são regidos por exigências externas a nós... temos sim deveres e obrigações para com outros, as quais são importantes também que sejam cumpridas.

Como se libertar então nesse contexto? Aí retomo o inicio da conversa... pensar e entender.

Fala-se muito em buscar a felicidade, em sentir-se bem... em sentir-se livre, mas como conseguir chegar a essas “sensações”? Será que seremos sempre “movidos” pelos sentimentos/emoções e num ciclo estaremos sempre buscando alcançar essas sensações, esses estados de espírito? Mas espere um pouco... as emoções/sentimentos são, por definição, respostas “automáticas” a algum estímulo. Será que estaremos então sendo governados por “respostas automáticas”? Buscando respostas automáticas? Onde está a minha liberdade e a minha possibilidade de controle nesse esquema? O que vivi e aprendi até hoje, e venho procurado aprender e conhecer mais, me leva a mudar um pouco o foco das coisas.

Como um bom e legítimo ser “idealista” e “pensante”, e com todo o senso crítico que está embutido nesses adjetivos, acabava por muitas vezes focando o “ideal” o “perfeito”. Triste, pois estes sempre acabam parecendo muito distantes, ainda mais quando se observam todos os problemas e defeitos que separam a “real condição” da “condição ideal”. Pior ainda pensar em felicidade, bem estar e sensação de liberdade... se eu chego a conclusão de que esses são “sentimentos” ou “estados de espírito”... sensações que por definição são coisas que deveriam ser automáticas... acontecerem naturalmente. Então o dilema... como conseguir algo que deveria acontecer naturalmente? É possível ter alguma autonomia ou controle sobre esses eventos e sobre nossa própria vida? Mas é claro que sim!

Sempre tive fé nisso, mas hoje consigo “entender” melhor. E nada melhor do que o entendimento/conhecimento para nos libertar. “Só a verdade nos liberta”.

O que começo a entender e aceitar é que sobre respostas automáticas (e/ou respostas condicionadas) não temos realmente um controle, mas para que essas respostas apareçam é necessário um estímulo, um “comportamento” que as gera, e que por sua vez, a partir da resposta, cria novos comportamentos... e assim sucessivamente. Poder identificar esses “comportamentos”, de onde eles surgem e o que causam é algo realmente revelador... diria mesmo “libertador”. Vislumbrar o fato e mudar o foco dos sentimentos para os eventos que os desencadeiam, eventos esses que podemos sim controlar, aprender, modelar... me dá uma nova perspectiva.

Poder perceber, pensar e entender que sou um ser que não é nem escravo dos sentimentos e nem refém do determinismo de “estímulo-resposta”, é poder perceber que tenho minhas próprias contingências, que englobam meus comportamentos e meus sentimentos, e nesse contexto posso agir.

Ser piloto de mim mesmo, poder ser quem eu sou. Isso eu adquiro quando deixo de ser refém das emoções e quando conheço realmente quem sou. Pra dirigir é preciso conhecer o funcionamento do veículo, quais as suas reações a determinados estímulos, quais as suas características e suas limitações. Então posso seguir seja pra onde for.

Hoje, mas que a felicidade, busco o discernimento. Só assim deixo de focar a utopia distante... o ultimo degrau da escada, e posso ver o que é real para mim hoje, o passo que dei, o degrau que subi hoje! Assim a felicidade aparece a cada passo, em cada degrau... é consequência da caminhada, não o fim.

Sejamos felizes, hoje e sempre! Amém

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